23 de novembro
formigas no paralelepípedo
Olhos que às vezes tocavam o chão
por entre as formigas no puro paralelepípedo,
outras, percorria os deslizes das nuvens
que apavoradas com o vento de final de tarde,
se amontoavam abraçando-se umas nas outras
como um “q” de incesto inocente.
....
A palavra dita razão não lhe serve hoje,
Buscou por entre as linhas a razão de seus escritos,
só o que queria era compartilhar as formigas e as nuvens...
afável silêncio.
inquietude do vento...
solitário som translúcido da noite
...
na luz sonoramente vermelha, deslizou seu olhar
silenciosamente reparando os olhos verdes...
As vozes silenciaram, a música translúcida
fazia o corpo dançar.
e ela imóvel... permaneceu absorta naquele instante.
Só ouvindo seu coração pulsar.
Arctti
...
*
o silêncio
um
quase um arrepio
uma gota se perdeu no oceano
estrela veio buscar
mas...
onde escondeu?
nada a fazer.
suspiro...
...
15 de outubro
Escutar o silêncio do outro
“Capazes de insuspeita delicadeza”
*
Percorro as esquinas com os olhos da noite.
Na despedida do sol, um afago de lua...
*
Negaram-me a possibilidade de gritar.
Não impede que meu silêncio seja ouvido.
subscrevo-me.., no desengano, a certeza,
minha alma ainda diz,
ainda grita...
não se cala.
Arctti
poetizar pensamentos... entre ilustrações e poesias vive o silêncio....
Monday, November 23, 2009
Tuesday, November 17, 2009
O MILAGRE DA PEDRA.
PEDRA BRUTA, PEDRA MÁRMORE, PEDRA SABÃO, PEDRA POME,
OLHADA DE UMA DISTÂNCIA, APENAS UM BLOCO DE PEDRA, FRIA AO TOQUE, ÁSPERA, TALVEZ DE UM TOM CINZA ESCURO E SEM BRILHO, OU LISA, OU POROSA, IMERSA NO PRÓPRIO SILÊNCIO E NA PRÓPRIA FRIEZA.
SOB O OLHAR ARGUTO E SENSÍVEL DE UM ARTISTA E SOB SUAS MÃOS CALEJADAS MAS CAPAZES DE INSUSPEITA DELICADEZA E AO MESMO TEMPO DA FORÇA QUE O CINZEL EXIJE, VAI SENDO MOLDADA POUCO A POUCO, TOMANDO FORMAS QUE SE AVIZINHAM DO NADA, COMO QUE DE COISA NENHUMA, PARA DESACOSTUMADOS OLHARES.
UM GOLPE AQUI E OUTRO ACOLÁ, UMA MIRADA DE LONGE, MAIS UM GOLPE E UMA MIRADA, SENTINDO AS POSSIBILIDADES, VISUALIZANDO E IMAGINANDO, CRIANDO, GOLPEANDO, FORMAS VÃO SE DEFININDO MUITO CUIDADOSAMENTE.
A CRUEZA E A BRUTEZA EM PÓ E LASCAS SE DESFAZENDO.
UMA CABEÇA, CABELOS AO VENTO, TESTA E OLHOS, NARIZ, A FACE E A BOCA NUM ESGAR DE ESPERA ENTREABERTA, LONGO PESCOÇO, SUA NUCA, SEUS OMBROS, BRAÇOS E MÃOS, O PEITO E OS SEIOS. UM VENTRE LISO, ACHATADO, MAS NUMA OFERENDA PARA A VIDA QUE DALI PODERIA NASCER NÃO FOSSE PEDRA, O ENTUMESCIMENTO DO PÚBIS, AS COXAS, PERNAS E PÉS.
UM BRAÇO E MÃO NUM GESTO PARA CIMA E O OUTRO TOMBADO EM TORNO DO PRÓPRIO CORPO, SUGERINDO A MÃE TERRA DE ONDE ELA MESMA VEIO, EIS ALI O MILAGRE DA ARTE E SUA CRIAÇÃO, SUAS POSSIBILIDADES, TRANSFORMAR PEDRA EM ALMA E SENTIMENTO.
Mariléa Keinert Castor.
27/09/2009.
Subscribe to:
Posts (Atom)